O plano é que o aperto fiscal gere uma economia de 113 bilhões de libras (US$ 209,9 bilhões) nos próximos cinco anos, sendo que pouco mais de 83 bilhões de libras virão dos cortes no Orçamento.
20 de outubro de 2010 | 12h 55 - Álvaro Campos, da Agência Estado.
LONDRES - O ministro das Finanças do Reino Unido, George Osborne, detalhou uma série de cortes nos gastos e nas medidas de assistência social por meio das quais o governo pretende reduzir o déficit orçamentário do país, que atualmente é de 155 bilhões de libras. O plano é que o aperto fiscal gere uma economia de 113 bilhões de libras (US$ 209,9 bilhões) nos próximos cinco anos, sendo que pouco mais de 83 bilhões de libras virão dos cortes no Orçamento. Osborne reconheceu que as medidas devem gerar uma redução de quase 490 mil empregos no setor público até 2015.
Em um relatório sobre a revisão dos gastos do governo, que pode ter um forte impacto na recuperação econômica e deve determinar o cenário político do Reino Unido pelos próximos anos, o ministro das Finanças disse que o governo manteve o plano de eliminar o déficit orçamentário estrutural e de reduzir a dívida do país para um porcentual menor do PIB até 2014/15. Hoje Osborne afirmou que mais 7 bilhões de libras serão economizadas com cortes na assistência social, além das 11 bilhões de libras anunciadas em junho.
Em uma medida surpreendente, Osborne também anunciou que o governo vai elevar a idade para aposentadoria pelo sistema estatal para 66 anos, a partir de 2018. Segundo ele, isso deve gerar uma economia adicional de 5 bilhões de libras por ano a partir de 2020.
Além dos cortes já previstos nos benefícios por filho para aqueles que ganham mais, também serão reduzidos créditos fiscais e de aposentadoria e outros abatimentos. Osborne disse ainda que os funcionários públicos terão de fazer contribuições maiores para suas aposentadorias, com o que o governo deve arrecadar mais 1,8 bilhão de libras por ano a partir de 2015.
"É um caminho árduo, mas leva a um futuro melhor", comentou o ministro sobre os cortes. "Nós vamos dar um fim aos anos de endividamento crescente. Nós vamos garantir, como qualquer outro lar solvente do país, que podemos pagar por aquilo que compramos", acrescentou. Desde que assumiu o poder, em maio, o governo tem insistido que fortes e imediatos cortes nos gastos ajudariam a evitar que o Reino Unido vivesse uma crise de dívida e a restaurar a confiança necessária para garantir uma recuperação econômica sólida.
Segundo o ministro, por causa das economias e pagamentos menores de juros da dívida, o corte médio no Orçamento para os departamentos do governo central afetados pelas medidas vai cair para 19%, com o ajuste da inflação, comparado com os 25% sugeridos pelo governo em junho.
Osborne também disse que o governo vai elevar os planos de investimentos em 2 bilhões de libras por ano, comparado com os planos delineados em junho. Mas ele ressaltou que ainda existirão cortes nessa área. Ele confirmou o corte de 8% nos gastos com defesa, além de fortes cortes nos repasses do governo central para os governos locais, de 7,1% por ano, em termos ajustados pela inflação.
Entretanto, o porta-voz da Tesouraria do oposicionista Partido Trabalhista, Alan Johnson, disse que "sem crescimento, a tarefa de reduzir o déficit se torna impossível".
Às 12h40 (de Brasília), a libra subia para US$ 1,5808, de US$ 1,5715 antes da divulgação das medidas. Já no mercado de bônus do governo, o spread dos yields (taxa de retorno) dos Gilts de 10 anos sobre os Bunds da Alemanha caiu para o menor nível do ano, a 54,4 pontos-base. As informações são da Dow Jones.
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