CARTA ABERTA AOS DOCENTES, DISCENTES E SERVIDORES DA UFRN

Leia a Carta Aberta do prof. Zéu Palmeira, do curso de Direito da UFRN, a respeito da paralisação do dia 13/8 em defesa da Educação pública e gratuita.


CARTA ABERTA AOS DOCENTES, DISCENTES E SERVIDORES DA UFRN

“Eu me sentiria mais do que triste, desolado e sem achar sentido para minha presença no mundo, se fortes e indestrutíveis razões me convencessem de que a existência humana se dá no domínio da determinação.” (PAULO FREIRE, In Pedagogia da Autonomia).

Caros(as) educandos(as), educadores(as) e servidores(as)

Peço permissão a todos e todas para explicitar os motivos pelos quais vou aderir à paralisação do dia 13 de agosto, também chamada Greve Nacional da Educação e convoco todos e todas a uma reflexão. Estamos numa universidade onde promovemos o compartilhamento do saber. Todavia, não valemos pelo que sabemos, mas por aquilo que fazemos com o nosso saber.  
Amanhã, dia 13 de agosto, é dia de professores(as), técnico-administrativos e estudantes parar o País para protestar contra os draconianos cortes nos orçamentos das universidades federais e em defesa da Educação Pública e Gratuita. É dia de todos se movimentarem. “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem” (Rosa de Luxemburgo).
Louvo os esforços de entidades sindicais e movimentos estudantis que, embora com enormes dificuldades econômicas, estão se desdobrando neste momento para sensibilizar e conscientizar a comunidade acadêmica e a sociedade para a defesa da universidade pública e gratuita.
A universidade pública e gratuita não é nem nunca foi uma dádiva dos governos.  Ela é fruto de uma luta histórica pela democracia no acesso à educação. E por ser uma conquista tão valiosa da nossa peleja civilizatória não podemos deixar que ela passe a ser controlada pela ganância do mercado.
Se não somos nós a resistir, que esperança vamos dar as gerações futuras? E a defesa da universidade pública é nossa incumbência. Então, é preciso romper as amarras do medo. Quebrar esse medo significa para o escritor Mia Couto nos advertir de que “há quem tenha medo que o nosso medo acabe.”
Precisamos levar milhares de pessoas às ruas - entre estudantes, professores, técnicos e setores expressivos da sociedade – para que a classe política passe a escutar a voz das ruas e para que todos tomem ciência de que somente neste semestre o governo federal já cortou mais de R$ 6,1 bilhões.
As universidades estão diante de um ataque mortal promovido por meio do Programa Future-se, o qual pretende tolher a autonomia universitária, promover o desmonte da estrutura democrática das instituições de ensino superior e transformar a educação superior em mercadoria.
É preciso que a nossa indignação se transforme em luta, resistência, em ação política mobilizadora da sociedade e em esperança. Nada na vida é irreversível. Tudo muda o tempo todo. Felizmente, nossas vidas são regidas mais por possibilidades do que determinações. Rebeldes competentes é o que devemos ser; cúmplices, nunca. Por isso, como bem acentua Simone de Beauvoir, “o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”.
É imprescindível que todos e todas não cruzem os braços diante de um ataque tão letal do mercado. Nossas possibilidades aumentam cada vez que fazemos menos o jogo dos opressores. Vamos às ruas e juntos vamos manifestar a nossa indignação.
Calar-se nesse momento é consentir a opressão; fingir que está tudo normal é frustrar nossas possibilidades; postar-se na indiferença é condenar nosso futuro.
Avante!

Prof. Zéu Palmeira Sobrinho

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