PEC ATRIBUI COMPETÊNCIA PENAL À JUSTIÇA DO TRABALHO PARA O JULGAMENTO DE AÇÕES ENVOLVENDO TRABALHO ESCRAVO

 
Abertura do 2º Encontro Nacional do Fórum de Assuntos Fundiários do Conselho Nacional de Justiça, em Belém
            Notícias extraída na íntegra do sítio do Senado - Edição de quinta-feira 16 de setembro de 2010
             Nery elogia posição do CNJ contra trabalho escravo
           Participantes de evento também aprovaram proposta de atribuir à Justiça do Trabalho competência penal para o julgamento de ações envolvendo a prática de trabalho escravo
 Abertura do 2º Encontro Nacional do Fórum de Assuntos Fundiários do Conselho Nacional de Justiça, em Belém
           José Nery (PSOL-PA) elogiou a decisão do Fórum de Assuntos Fundiários do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de solicitar ao Congresso a aprovação da chamada PEC do Trabalho Escravo (PEC 438/01). Essa foi uma das deliberações do fórum, em seu 2o encontro nacional, realizado entre 9 e 11 de setembro, em Belém.
           A PEC prevê o confisco de terras onde for constatada a exploração de trabalho escravo. As áreas confiscadas serão destinadas à reforma agrária. A matéria altera a Constituição para acrescentar o trabalho escravo entre as situações que tornam a propriedade rural passível de expropriação. A Carta já prevê essa possibilidade para áreas onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas.
        Já aprovada pelo Senado, a proposta aguarda decisão da Câmara desde 2001. De acordo com José Nery, a principal resistência à aprovação da matéria vem dos parlamentares ligados ao agronegócio.
           — A bancada ruralista vem conseguindo impor uma posição de que punir a escravidão afeta o setor produtivo ligado ao campo. Isso não é verdade. É necessário combater o uso desse tipo de mão de obra, o que vai melhorar as condições de comercialização e exportação de produtos — opinou.
            Na reunião do fórum, foram aprovadas outras cinco propostas de reforço ao combate ao trabalho escravo no país. Entre elas, está a que atribui à Justiça do Trabalho competência penal para o julgamento de ações envolvendo esse tipo de prática.
Ao comentar a importância da articulação em torno da aprovação da PEC 438/01, o senador lamentou que os brasileiros, "em pleno século 21, ainda se deparem com situações de escravidão ou semiescravidão".
          — Estive recentemente na Ilha de Marajó, onde me deparei com situação que também se equipara ao trabalho escravo. Os ribeirinhos, que trabalham na terra e tiram dela sua subsistência, precisam pagar 50% do que produzem àqueles que se dizem os donos da terra, quando ela, na verdade, pertence à União — disse José Nery, para quem "o Brasil tem um dever de reparar esse problema histórico".
Propostas
          O fórum aprovou 49 propostas para dar maior efetividade à regularização fundiária, entre elas a realização de inspeções judiciais nos locais com maior ocorrência de conflitos e o fomento à criação de procuradorias agrárias. Os participantes propuseram que a aquisição de terras brasileiras por estrangeiros — tema de dois projetos que tramitam no Senado, PLS 126/09 e PLC 302/09 — seja ainda mais limitada. 

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